Dores e outros sintomas, como formigamentos e diminuição de sensibilidade na perna, podem estar relacionados a problemas mecânicos e compressão das raízes nervosas por ruptura de um disco, disfunção de uma articulação ou deslocamento de uma vértebra, por exemplo.
Nesta cirurgia, através de cortes pequenos e preservando a musculatura das costas, o cirurgião libera os nervos, retira os discos e articulações doentes e fixa as vértebras comprometidas, usando implantes especiais.
A abordagem com mini incisões é possibilitada pelo uso de afastadores especiais para este tipo de cirurgia. Os implantes são sistemas de parafusos e espaçadores feitos de materiais biocompatíveis, que não sofrem rejeição pelo corpo.
A Cirurgia
Com o paciente sob anestesia geral, são feitos 2 pequenos cortes de ±5 cm, um de cada lado da coluna. Um afastador especial retrai os músculos, permitindo que se trabalhe na coluna com uma agressão muito pequena. Disco e osso são retirados com pinças especiais até que as raízes nervosas estejam bem livres de compressões.
Os implantes são colocados para reconstruir a coluna, impedindo que ela fique instável. Espaçadores com enxerto do osso do próprio paciente, retirado na descompressão, são colocados no lugar do disco e parafusos de titânio médico são presos nas vértebras, fixando a coluna na posição apropriada.
As incisões são fechadas com pontos absorvíveis, feitos por dentro da pele.
Durante a cicatrização, o enxerto de osso deve promover uma fixação biológica entre as vértebras (fusão óssea), que vai fazer a cirurgia ter sucesso duradouro, já que os implantes são sujeitos a desgaste.
Antes da cirurgia
- No dia anterior ao procedimento será feito contato confirmando o horário de início do jejum e o horário que você deve chegar ao hospital.
- Na véspera e no dia da cirurgia você deve tomar banho lavando todo o corpo com shampoo de triclosan, que pode ser comprado sem receita em qualquer farmácia e reduz a chance de infecção.
- Se nos dias antes da cirurgia estiver apresentando qualquer alteração de saúde, como coriza, tosse, febre ou qualquer outra, telefone avisando.
- Leve todos os seus exames para o hospital.
- Leve com você documento de identificação com foto, carteira do plano de saúde, termos de consentimento e papelada de autorização (se houver).
- Vá para o hospital acompanhado de uma pessoa que possa assinar como responsável, caso aconteça qualquer problema.
Após a cirurgia
Você pode se mexer na cama e se posicionar como achar mais confortável, mas peça ajuda da enfermagem para fazer essas trocas de posição nos primeiros dias.
A fisioterapia é iniciada em seguida da cirurgia.
No dia seguinte à cirurgia você já vai poder sair da cama e caminhar, de início com a fisioterapia ou enfermagem, depois com seu familiar e sozinho. Você também será orientado sobre a melhor maneira de sair da cama, sentar, levantar, etc.
Coletes, cintas, bengalas ou outros tipos de apoio não costumam ser utilizados.
Assim que começar a sair da cama, o sôro e a sonda da bexiga serão retirados e você poderá começar a usar o banheiro. Você também poderá tomar banho de chuveiro. A enfermagem trocará o curativo depois.
Dificuldade de funcionamento do intestino no hospital é muito comum e pode ser tratada com laxativos e dieta rica em fibras.
A alta do hospital será determinada pelo seu progresso e pelas condições de conforto e auxílio disponíveis em sua casa. Via de regra a permanência no hospital é de 3 ou 4 dias.
Em casa
Aprenda a ‘escutar’ seu corpo. Desconforto é normal enquanto você retorna às atividades, dor é um sinal para ir mais devagar.
Nos primeiros dias em casa realize os exercícios de fisioterapia que foram ensinados no hospital. A fisioterapia na clínica costuma ser combinada na primeira revisão pós operatória.
A medicação para uso em casa é simples e a sua necessidade de tomar remédios para dor deve reduzir à medida que você for se recuperando. Você pode aumentar o intervalo entre as doses e depois suspender alguns remédios, conforme for orientado.
Você pode tomar banho normalmente, com o curativo. Para trocar o curativo após o banho, basta retirar o antigo, limpar a ferida com soro fisiológico e cobrir com gaze e fita adequada. Os curativos devem ser trocados todo dia e podem ser feitos por qualquer familiar.
A primeira revisão costuma ser de 15 a 20 dias após a cirurgia. Nessa consulta os pontos devem ser retirados e você vai receber novas orientações sobre medicação, fisioterapia, etc.
Depois que estiver sem pontos e sem curativo você pode tomar banho normalmente. Deixe a água cair na incisão, mas evite escovar ou esfregar a região. Use sabões neutros ou medicinais.
Relações sexuais podem ser reiniciadas três a quatro semanas após a operação, mas posições que forcem as costas ou causem dor devem ser evitadas.
Dirigir depois de uma artrodese lombar costuma ser bastante incômodo e geralmente o paciente só é liberado 30 a 45 dias após a cirurgia. Para dirigir, você deve ter recuperado toda a coordenação e estar com dor mínima.
A regra geral para atividades nessa fase é respeitar a dor, evitando esforços grandes ou movimentos da cintura, como girar o corpo ou se dobrar. Durante esse período você pode precisar de ajuda em algumas atividades simples, como vestir as meias ou pegar objetos no chão.
Você e seu médico vão decidir juntos qual o momento de retorno ao trabalho. Se uma licença for necessária, você receberá a documentação (atestados e laudos) no pós operatório.
Se tiver febre, dor muito forte ou com aumento progressivo ou sinais de inflamação da ferida, como vermelhidão, inchaço ou qualquer secreção, avise.
Não tente dirigir depois de utilizar medicação forte para dor, seus reflexos ficam afetados.
Caso apresente algum problema urgente e por qualquer motivo não consiga contato com nossa equipe, dirija-se ao atendimento de emergência do hospital onde a cirurgia foi realizada.
Riscos
A fístula é muito rara nesse tipo de cirurgia e nunca tivemos nenhum caso. Ela pode atrasar toda a recuperação, pois é tratada com repouso no leito e, ocasionalmente, pode necessitar reoperação.
Muitos pacientes são operados por já apresentar lesões nervosas por causa de sua patologia. A recuperação dessas lesões varia muito e isso depende da seriedade da lesão, não da qualidade de cirurgia.
Lesões de raízes nervosas ocasionadas pela cirurgia podem acontecer com pouca freqüência, perto de 1% em nossa casuística. Essas lesões podem provocar tipos e graus variáveis de problemas de motricidade ou sensibilidade. Costumam ser transitórias, mas podem durar meses ou ser definitivas. A grande maioria não afeta movimentos, apenas sensibilidade de alguma região da perna.
Infecções da ferida operatória costumam ser superficiais e tratáveis com medicação por via oral. Infecções mais profundas e graves são muito raras nas artrodeses minimamente invasivas, perto de 1% em nossa casuística.
A pseudoartrose é a falha de consolidação do enxerto, não havendo uma boa fusão biológica entre as vértebras. É uma complicação que pode ocorrer em até 10% dos casos, se manifesta tardiamente e pode levar a uma revisão cirúrgica. O risco é muito alto em fumantes.
Como os riscos variam muito de caso a caso, você deve se sentir à vontade para discutir com seu médico a questão dos riscos específicos do seu caso. Isso vai aumentar sua segurança e sua confiança.
Cicatrização e Recuperação
Na artrodese a cicatrização é considerada completa quando o enxerto ósseo se consolida totalmente, criando uma fusão biológica entre as vértebras. Esse processo pode durar de 3 a 8 meses.
Recuperação é algo que não depende só da cicatrização, ela requer esforço de busca da melhora, traçando objetivos e trabalhando para alcançá-los. A recuperação não é um processo puramente físico, ela exige um comprometimento com a saúde, pensamento positivo e vontade verdadeira de melhorar.
Alguns pacientes tem uma boa cicatrização mas nunca se recuperam completamente, permanecendo com dores e limitações, mesmo sem haver problemas com a cirurgia.
É comum se sentir cansado e desanimado, mas você deve tentar evitar que isso atrapalhe, mantendo uma atitude positiva e confiante, entendendo o processo e se concentrando nas melhoras, não nos sintomas que permanecem. Focar nos progressos e se esforçar para melhorar são atitudes vitais para seu retorno à vida normal.